quinta-feira, 12 de junho de 2008

Vou ter que construir uma casa para guardar a cerejeira?




Entrei, percorri o corredor e fui à varanda.
O Zé contemplava a cerejeira.
- Então grande amigo, de plantão?
- Ah pois. Os cabrões dos pássaros comem-me as cerejas todas.
Reparei na pequena cerejeira, carregada de cerejas, mas ainda não muito maduras.
Tinha diversos espantalhos sobre ela, desde guarda-chuvas abertos a sacos de plástico mas, olhando bem para o seu interior, vi duas campainhas penduradas.
Olhei com redobrada atenção e vi que as campainhas estavam presas a um fio que subia em direcção à escada e se dirigia para a cozinha.
-Então para que serve o fio que vai para a cozinha? Perguntei eu ao amigo Zé João.
- Quando estou na cozinha puxo o cordel para as campainhas tocarem e espantarem os pássaros, respondeu-me.
-Se não estiver de plantão os marranos dos pássaros comem-me as cerejas todas.
Dei uma gargalhada e...
Ripostou o "nosso cabo" reformado de cavalaria da GNR.
- Não acreditas?
- No ano passado o Joaquim Amaral disse-me para colher as dele. Estava eu, disse ele, em cima da cerejeira, apareceu um bando de rabilongos que "mamou" as cerejas todas e não teve medo de mim...
Aí percebi porque o meu amigo, ainda tão novo, se tinha já reformado.
Precisava de fazer plantão junto da sua cerejeira para afugentar os malvados dos pássaros e, como é comodista, nada melhor que assentar arraiais na cozinha e, se possível, com um copito por perto. Depois é só puxar a guita e fazer.... TLIM, TLIM, ... TLIM, TLIM, para no fim de semana seguinte a Conceição levar umas cerejitas para o Porto e oferece-las à filha Paula. Esta é que não sabe a trabalheira que o seu pai tem para manter à distância os malandros dos pássaros.
Há cerca de dois anos plantei uma pequena cerejeira "no chão da igreja" e agora percebi que se quero algum dia comer as cerejas só tenho uma solução, construir uma casa próximo da cerejeira, colocar as campainhas e estender um fio até à cozinha...
- Que chatice, ainda faltam cerca de 17 anos para me reformar.
Até lá percebi que não vou ter direito a comer as cerejas do "chão da igreja".
- Bom proveito vos façam... seus malandros e amigos do alheio.

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