terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Quadras a S. Sebastião

As quadras que aqui se publicam, e outras que também publicarei brevemente, foram-me cedidas pelo amigo António Lourenço, nas quais nos mostra todo o seu talento de poeta popular.
Todos os que queiram enviar textos para divulgação terei muito gosto em os publicar aqui, contribuindo, desta forma, para registar o que de bom ou mau houve, há e haverá no Carvalhal.



S. Sebastião padroeiro
desta aldeia há tantos anos
pelas ruas desta paróquia
em louvor de ti cantamos

Canta em teu louvor
toda a gente desta terra
livrai-nos ó santo e mártir
da fome da peste e da guerra

As tuas convicções cristãs
teus inimigos não abalaram
por isso para te castigar
de setas te cravejaram

A festa era em Janeiro
mas há anos que foi proposto
que por diversas circunstâncias
fosse festejada em Agosto

Mas a tradição não morre
e mesmo em Janeiro
há sempre alguém que recorda
o seu santo padroeiro

S. Sebastião padroeiro
não pedimos mais nem menos
dá-nos saúde e alegria
que pró ano cá estaremos

AUTOR - ANTÓNIO LOURENÇO

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Como não posso ir sambar para o Brasil vou visitar a feira das tradições de Pinhel este fim de semana. Brevemente vos trarei aqui as impressões sobre o certame.
Até breve.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Ai és tu pimo?

Faleceu ontem com 90 anos de idade a ti Efigênia. Foi hoje sepultada no Carvalhal.
Deixou-nos a mulher mais simples da nossa terra e por quem todos nutriam um carinho especial. Sempre que connosco convivia fazia questão de nos lembrar a grande amizade que sempre teve com o meu pai, seu primo, e nos dizia que quando era criança o levou muitas vezes ao colo.
Mulher simples, alegre e amiga de todos.
Cabe-me aqui fazer uma comparação.
Quando era funcionário do LNEC tinha um colega, o Cardoso, que pela sua bondade, era impossível zangar-se com alguém, e de quem eu sempre disse:
- Se alguém um dia disser estar zangado com o Cardoso, terei que admitir que a culpa de tal zanga só pode ser de quem a afirma; nunca do Cardoso porque ele seria incapaz de se zangar.
A ti Efigênia, em simplicidade, bondade e transparência superava o meu amigo Cardoso.
- Sempre fui muito amiga do "pimo", dizia ela, referindo-se ao meu pai.
- Ti Efigênia sempre gostámos muito de si, digo eu.
À Maria da Luz, Céu, Amélia, Zé Gonçalves, Rosa e demais familiares apresento as minhas condolências.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Dia de S. Valentim


O Rafael, com 9 meses, é o nosso bijou.
O dia de S. Valentim é dia de felicidade e de amor e, é também o dia do meu ídolo, o meu pai, que "escolheu" este dia simbólico para nos deixar.
A alegria, a simplicidade, o companheirismo, a amizade, a lealdade estiveram sempre em ti e por isso serás sempre o meu guia. Jamais te esquecerei. Até sempre meu pai.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

A mó


Ninguém ousará saber quantas toneladas de farinha produziu, quantos anos rodou movida pela corrente de água. Uma coisa é certa; morreu gasta, cansada, deteriorada e o seu proprietário, em memória de um passado, que é necessário recordar, resolveu sepultá-la na rua, à porta de entrada de casa. Aí, todos quantos a pisassem para entrar, recordariam a história da mó, do seu proprietário e dos seus ascendentes.

Com o calcetamento das ruas não sei se este tesouro histórico continua no mesmo sítio onde foi fotografado ou se o seu proprietário resolveu guardá-lo; mas permitam-me que o desafie e à direcção da associação para que estabeleçam um dialogo com vista à sua preservação e que possa ser exposto em local que melhor possa contar uma parte da história do Carvalhal - A história dos seus moinhos.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

O Sono do João

O João dorme...(Ó Maria,
Dize àquela cotovia
Que fale mais devagar:
Não vá, o João, acordar...)
Tem só um palmo de altura
E nem meio de largura:
Para o amigo orangotango
O João seria... um morango!
Podia engoli-lo um leão
Quando nasce! As pombas são
Um poucochinho maiores...
Mas os astros são menores!

O João dorme... Que regalo!
Deixá-lo dormir, deixá-lo!
Calai-vos águas do moinho!
Ó mar! fala mais baixinho...
E tu mãe! e tu, Maria!
Pede àquela cotovia
Que fale mais devagar:
Não vá, o João, acordar...

O João dorme, o inocente!
Dorme, dorme, eternamente,
Teu calmo sono profundo!
Não acordes para o mundo,
Pode levar-te a maré:
Tu mal sabes o que isto é...
Ó mãe! canta-lhe a canção,
Os versos do teu irmão:
« Na vida que a dor povoa,
Há só uma coisa boa,
Que é dormir, dormir, dormir...
Tudo vai sem se sentir.»

Deixa-o dormir, até ser
Um velhinho... até morrer!

E tu vê-lo-ás crescendo
A teu lado (estou vendo
João! que rapaz tão lindo!)
Mas sempre, sempre dormindo...

Depois, um dia virá
Que (dormindo) passará
Do berço onde agora dorme,
Para outro, grande, enorme:
E as pombas que eram maiores
Que João... ficarão menores!

Mas para isso, ó Maria!
Dize àquela cotovia
Que fale mais devagar:
Não vá, o João, acordar...
E os anos irão passando.

Depois, já velhinho, quando
(serás velhinha também)
Perder a cor que, hoje, tem,
Perder as cores vermelhas
E for cheiinho de engelhas,
Morrerá sem o sentir:
Isto é, deixa de dormir:
Acorda e regressa ao seio
De Deus, que é donde ele veio...

Mas para isso, ó Maria!
Pede àquela cotovia
Que fale mais devagar:

Não vá, o João, acordar...

António Nobre
Paris, 1891.




quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Estão todos convidados a participar.

Tenho escrito aqui alguns posts que admito possam conter erros e omissões.
A minha intenção é de registar factos, números ou circunstâncias para que os mais novos e gerações futuras possam saber alguma coisa do que aconteceu na pequena aldeia beirã de nome Carvalhal, ali para os lados de Pinhel e que daqui a um milhão de anos, passo o exagero, se possa saber que esta aldeia viu nascer a rede de esgotos no ano de 2008 ou que as suas ruas foram calcetadas nos finais de 2008 e princípios de 2009 e, naturalmente, quando tento ir às memórias, por vezes funciona o alzeimer precoce e há muitas brancas.
Aqui fica o repto a todos, amigas e amigos do Carvalhal, e não só, para que façam os seus comentários enriquecendo o registo da nossa memória.
À família do Ti Zé Samuel as minhas desculpas por não lhe ter feito referência na contabilização das pessoas que viviam no Carvalhal na década de 60. A correcção já foi feita.
Porventura haverá ainda mais falhas, não hesitem em as denunciar.


quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

O António Pedro

Quem se lembra do António Pedro?
Viveu nas casas que a foto documenta. Morreu solteiro.
O ti António Pedro era dos poucos que embora vivendo sozinho e de forma bastante solitária tinha o privilégio de comemorar o seu aniversário em festa onde todos lhe cantavam os parabéns. O Pedro fazia anos no dia da consoada, 24 de Dezembro e na casa do povo, à noite, bebiam-se uns copos em sua honra; este oferecia uns "mata ratos" aos garotos e à rapaziada e assim se davam os primeiros passos no mundo do vício.
Hoje a parede ao fundo desafia as leis da gravidade. Até quando?

domingo, 1 de fevereiro de 2009

A coragem de resistir


O ti Joaquim Oliveira a ti Natércia e o Joaquim Gaspar subiram ao palco e expuseram as janeiras. Não estive lá, mas acredito as chouriças e os pés de porco eram produto da terra e eram da melhor qualidade.
Parabéns aos mais velhos que teimam em não deixar cair as memórias de uma festa que há 50 anos não tinha rival no concelho de Pinhel.