segunda-feira, 27 de julho de 2009

Uma triste notícia.

"Oeiras, 2009.07.25
Caro Amigo Zé Gil:

O Blog também serve para transmitir as más notícias. Não sei se já sabes, mas o filho do António Amaral que reside em França há vários anos, fiho do ti Zé Amaral e da ti Carolina, faleceu em França. Os pais ou seja o António Amaral e esposa, trazem o corpo para cá, e o funeral é dia 28.07.2009, às 15H00, e o corpo sai da Igreja de Belas para o cemitério de Belas.

Um abraço do Zé Pereira."


O meu voto de pesar ao António Amaral e restante família.

Zé Gil

terça-feira, 21 de julho de 2009

Pia Baptismal

A fotografia que publicamos em primeira página, é da remota pia baptismal da igreja do Carvalhal.
Alguém, propositadamente para chamar a atenção, ou simplesmente por curiosidade, pintou a data da mesma -1773-.
É lamentável que um testemunho do passado da aldeia, se encontre em total estado de degradação. Considerada como um objecto sem valor, ou um trapo inútil, foi encostada a um canto, cheia de terra e ervas, quando merece estar num museu ou lugar com condições de a preservar convenientemente.
Claro que não se trata de uma obra escultórica de Miguel Ângelo ou de Brancusi, mas não deixa de ser trabalho de um artista popular, porventura do Carvalhal. Pelo respeito que merecem os antepassados da aldeia, pela responsabilidade moral a que estamos vinculados, ou pelo valor sentimental que lhe é atribuído, é dever da Comissão Fabriqueira, removê-la para um lugar condigno, onde possa ser vista e apreciada, sem estar sujeita a factores de degradação ambientais.

Fonte: Notícias do Carvalhal
Autor: Joaquim Ribeiro

Programa festivo Carvalhal/2009

Apresento-vos o programa festivo da responsabilidade dos mordomos. Será que o controle ao estado de saúde a realizar no dia 02 tem como objectivo a contenção para o dia 9!?
Parabéns pela iniciativa.
Lamento não poder estar nesse dia, mas no dia 9 lá estaremos.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Moinhos de água

Foto enviada por Milu

Uma aldeia onde outrora a cultura do cereal era uma actividade predominante, nos seus limites haver uma ribeira, era essencial e complementar existirem moinhos.
É indiscutível que estes, fazem parte integrante da história do Carvalhal. Assim, relembrar histórias e outros episódios, é alimentar as nossas raízes e contribuir para a valorização do Carvalhal. Solicitamos a todos os leitores, naturais, residentes e amigos, que de algum modo queiram contribuir para esse enriquecimento, nos façam chegar descrições, nomeadamente: modelo (rodízio ou outro modo), localização, moleiros, forma de pagamento, transporte utilizado, nome de utensílios que equipavam o moinho, ou episódios associados. Outros temas como a ceifa, os mantanas, o pagamento do vinho, pormenores da pastorícia, ou histórias ligadas ao forno e ao tronco de ferrar animais. O mundo das mezinhas e presságios é vasto e rico, também ele, faz parte da cultura do Carvalhal e, como tal, deve ser tratado. De igual modo, todos sabemos que em muitas aldeias situadas nas terras de “Riba-Côa”, o contrabando foi em tempos um recurso para muitos habitantes.
Fica uma enorme diversidade de assuntos que poderão ser tratados como peças integrantes da cultura da nossa aldeia. É um desafio que deixo a todos os que estão motivados para a valorização do Carvalhal.

Fonte: Notícias do Carvalhal
Autor: Joaquim Ribeiro

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Saberes e sabores

Sopa da boda ou sopa de carne fresca

Ingredientes:
Carne de cabra (preferência) adulta.
Presunto e chouriço
No final da cozedura adicionar massa de meada.
Para uma terrina, corte fatias de pão, preferência caseiro. Deite a cozedura dos ingredientes e junte um ramo de hortelã.

Tijeladas

Ingredientes:
½ litro de leite
5 ovos
1 colher de farinha de trigo
1 colherzinha de erva doce
Fio de azeite, pedrinha de sal e canela a gosto.
Preparação:
Batem-se os ovos e misturam-se com os restantes ingredientes. Deita-se a mistura em tachos médios de barro e vão ao forno bem quente. Deixa-se tostar por cima e tapa-se com folha de papel até fazer o resto da cozedura. Vá vigiando pelo método do palito.

Fonte: Notícias do Carvalhal
Autora: Gracinda Ribeiro

terça-feira, 14 de julho de 2009

Peripécias da Juventude


O que vou contar passou-se antes de eu ir para a tropa,(1951),pelo que deve ter sido nos anos de 49 ou 50.Como já lá vão tantos anos, a maioria das pessoas que assistiram à cena já faleceram,(e que Deus os tenha em bom lugar) cujos nomes de alguns eu irei citar. Espero que os seus familiares não levem a mal, a quem desde já apresento as minhas desculpas. Começo pelo Sr. Joaquim Marques , que durante muitos anos foi feitor da casa do Sr.Doutor Seixas de Pinhel. Deslocava-se frequentemente à freguesia do Bogalhal, onde o referido doutor tinha propriedades. Foi nesta localidade que namorou a senhora professora Noémia, com quem viria a casar. Nessa época, o caminho que ligava Bogalhal a Pinhel, era ladeado por vários matagais de giestas e pinheiros, caminho que o sr. Marques percorria muitas vezes, algumas delas, a altas horas da noite. Contava ele, (e não era homem para mentiras) que em algumas noites, ouvia sair daquelas matas, o som de uma cabra a berrar, e que numa noite a viu passar à frente da luz do farolim da sua mota.
Acontece que, passado algum tempo, a srª. Isabel Guilhermina começou a dizer que também já tinha ouvido uma cabra a berrar para os lados da azinheira no Carvalhal. Seria a mesma?. Algumas pessoas começaram a andar assustadas. Numa noite calma e sem frio, princípios de Verão, lembrou-se o Alfeu e o Augusto de irem até à cruzinha do Azinhal e imitar-mos uma cabra a berrar. De lá avistávamos a porta de entrada da srª Brizida. A iluminação no interior das casas, era feita através de petróleo, azeite ou lenha, mas que dava para nós nos apercebermos quando a porta era aberta e alguém entrava ou saía. Foi numa ocasião destas, que notámos que alguém saía ( talvez para mudar a água aos tremoços) que depois viemos a saber ter sido um tal Alfredo Desertor, que demos inicio ao programa. Berras tu ou berro eu. Uma vez cada um para pensarem que são duas e aí vai: mééé…mééé…O tal Alfredo, chamou logo o pessoal, como não acreditassem, aí vão mais uns berros. Passados alguns minutos, notámos algum alvoroço no largo do Oitão. Os mais foitos, armados de pau e manta, meteram-se ao caminho. Chegados ao portão da tapada, pararam e ficaram em silêncio. Mais uns berros mééé…mééé…É ali à fonte diziam eles. Era aqui diziam outros; será que iria aos figos, diziam outros. Uns outros comentavam, berra agora filha da p… O sr. José Jaime comentava zangado: se não tens medo aparece agora que te parto os cornos com este sacho. Nós, metidos na quelha que dá acesso à Cotovia, mas já com o motor ligado, só berrámos mais uma vez,. Era vê-los ladeira acima, mas nós ligamos o turbo e foi rápido que chegámos ao caminho que vai para o Poço do Barro. Um pouco de descanso e como não éramos perseguidos, aí berrámos à vontade. A tropa regressou à base e já no largo do Oitão notaram a nossa ausência e, fomos tornados suspeitos. Na noite do dia seguinte, fomos chamados ao tribunal popular e julgados pelos juízos: Francisco Domingos; António Pedro e Joaquim Sebastião. Fomos submetidos a apertado interrogatório e confessámos a proeza. Como se tratou de uma brincadeira de bom gosto, saímos em liberdade condicional e com pena suspensa por dois anos.

Fonte: Notícias do Carvalhal
Autor: Augusto Afonso Pereira

Lembram-se?

Foto enviada por Joaquim Amadeu
Da esquerda para a direita: Luís Justino, Manuel Augusto, um jovem que não consigo identificar, diria que me parece o Manuel Guilhoto. Espero que me corrijam; Zé da Armandina, José Samuel; mais alguém que não consigo identificar. Será o Abel Guilhoto? Francisco Domingos, Manuel Prazeres e Amadeu Justino.
E o cão?

domingo, 12 de julho de 2009

As nossas raízes nas brumas da história

Ao fundo a Quinta Nova e a Serra da Marofa

Descalço, pelo caminho cálido batido pelos séculos, sob um sol escaldante, vinha um menino de chapéu de palha na cabeça. Os seus olhos infantis, espelhavam todo o castanho da paisagem que o rodeava, que de vez em quando fechava e esfregava por causa da poeira branca, que as suas vacas levantavam à sua frente.
Dos dois lados do caminho, ladeado por pedras de granito cinzento, estendiam-se cearas meias loiras, ondulantes a perder de vista, salpicadas com papoilas de um vermelho vivo, e ainda, de onde em onde, manchadas de um verde pueril, que indicava que a cegada estava próxima.
Trazia a tiracolo um bornal onde sobravam apenas umas côdeas do farnel que tinha levado de madrugada. Era seu hábito repartir a merenda com o seu fiel amigo Tareco, um podengo branco de cauda levantada e enrolada que o seguia por montes e vales. Nas lapas, gostava de se empoleirar sentado a aguardar pacientemente o chamamento do dono.
Da alma, tratava a sua tia, que lhe ensinava a doutrina cristã ao serão, à luz bamboleante da candeia de petróleo, que projectava sombras fantasmagóricas nas paredes de ripas de madeira. Nunca foi preciso utilizar a “menina-de-cinco-olhos”já que o miúdo tinha a memória própria das crianças, decorava literalmente tudo o que a sua tia lhe ensinava, sem perceber patavina do que ela dizia.
Foi também à luz dessa mesma candeia que leu a Morgadinha dos Canaviais, o Amor de Perdição, o Amor de Salvação e outros que um senhor estrangeiro muito rico mandava para as aldeias em carrinhas Citroen. Caloust Gulbenkian, era um nome quase impronunciável, mas ao mesmo tempo mágico. Aquele nome significava a única forma das pessoas lerem livros naquele tempo. A carrinha era sempre aguardada, com grande expectativa, tinha muitas prateleiras cheias de livros onde os miúdos e alguns adultos entravam e depois levavam, para ler à lareira nas noites longas de Inverno. É difícil de imaginar o fascínio que essa biblioteca itinerante exercia nalgumas pessoas da aldeia. Havia, no entanto, grande parte das pessoas, que de leituras nada percebia e via mesmo nos livros uma grande perda de tempo.
- Deixa de ler já essas porcarias, dás cabo de cérebro rapaz! Que raio de vicio o garoto arranjou!
-Oh tia só mais um bocadinho!
-Raio polira o garoto. Vai mas é para a tarimba que amanhã tens que te levantar cedo, para ires guardar as vacas.
-Se o rapaz quer ler, porque raio não o deixas ler? –Saía o tio a terreiro em sua defesa.
-Então amanhã de manhã, que se queixe! –Dizia a tia, enquanto retirava das lares, por cima do mourão, a caldeira da vianda fumegante e vazava a mesma para os baldes de lata onde acrescentava uma mão cheia de farelo.
Aos serões ouvia boquiaberto, através da sua tia, histórias remotas do povo do Carvalhal; as previsões do tempo do Ti Torto, as histórias inverosímeis do padre Zé das Cinco Vilas, as bizarrias do “ti” Manuel Gaspar pai da tia Coelha, as narrativas do “ti” Sebastião Gaspar, e do “ti”José Gaspar que morreu em Vale de la Mula e ainda a incrível história de Júlio da Costa o presumível assassino de Sidónio Pais.
Muitas pessoas do Carvalhal na década de trinta, organizavam-se em ranchos de doze foices, dois ou três “manageiros” à razão de um para seis foices e um ou dois garotos das foices, que tinham por função, transportar as foices e distribuir água fresca ao pessoal com barris de barro, que guardavam em local fresco. Iam ceifar, ou cegar como se dizia, para o Milheiro, Bizarril e apara outras aldeias ali nas encostas da Serra da Marofa.
Júlio da Costa, antigo sargento de cavalaria, um homem meão na altura, de aspecto robusto, aparentava 40 anos, falava fanhoso, era pessoa culta, pelo menos para os padrões da época, ensinava os miúdos a ler e a escrever por terras da Marofa, e em troca as pessoas das aldeias da Quinta Nova e do Milheiro, davam-lhe de comer e beber, davam-lhe roupa para se vestir, enfim, cuidavam dele. Tinha por hábito bizarro de dormir no cemitério, pois, segundo ele, ninguém o iria aí procurar. Gostava de falar com o António Pedro, rapaz das foices do Carvalhal e um dia contou-lhe a seguinte história:

-Sabes meu rapaz, fui eu que em 14 de Dezembro de 1918, acabei com a vida desse porco do Sidónio Pais e se eu hoje estivesse em Lisboa, o “botas” que está no poder, já não era vivo.
Deram-me primeiro como doido, depois estive preso, mas consegui fugir da prisão do Aljube com a ajuda de uns camaradas da maçonaria e trouxeram-me até aqui perto numa camioneta de um amigo aqui da zona.
-Ouve lá António, tu sabes quem foi Sidónio Pais?
-Não senhor, mas já ouvi falar.
-Então eu vou-te contar a história, disse Costa ao sentar-se numa mó de granito que por ali havia.
-Após o 5 de Outubro de 1910, quando foi implantada a República!
-Isso sabes não é?
-Já ouvi falar! –Respondeu o miúdo com alguma insegurança.
-Sidónio Bernardino Cardoso da Silva Pais, nasceu em Caminha a 1 de Maio de 1872 e morreu no Rossio em 14 de Dezembro de 1918, por volta da meia noite. Foi Ministro do Fomento, das Finanças, embaixador de Portugal em Berlim e Presidente da República.
-Desde de 1910, torna-se senador , fazendo parte do Ministério do Manuel da Arriaga. Esteve em Berlim como embaixador e regressou em 1916. Em 1917 liderou um movimento para derrubar o Governo de Afonso Costa.
Sidónio demitiu o então Presidente Bernardino Machado e tomou conta do poder. Esse energúmeno fez-se eleger Presidente da República nas eleições de Abril de 1918 sem respeito nenhum pela Constituição de 1911.
-O que é a Constituição e o que são as eleições? –perguntou António Pedro curioso!
-A Constituição é a lei suprema da nação. Todas as leis e todos os poderes a devem respeitar. As eleições são o processo pelo qual o povo escolhe quem nos governa. Quando não há eleições dizemos que o povo vive numa ditadura.
-Continuando, esse tal pulha instaura uma ditadura depois de ser eleito, em que vários jornais monárquicos, republicanos, socialistas, católicos, anarquistas ou independentes foram suspensos. Foi um tempo de repressão e perseguição política, grande confusão, com um único objectivo: fazer com que Portugal não participasse na Primeira Grande Guerra e construção de uma nova ordem, a chamada “República Nova” baseada na mística do chefe. Uma cópia antecipada e carunchosa desse maldito que está no poder agora, o “botas” esse ladrão dos infernos do Salazar, amigo do Hitler da Alemanha, do Franco aqui da vizinha Espanha e do mestre deles todos, o italiano Mussolini esse chanfrado que pensava que voltava a ter o poder dos imperadores da Roma antiga.
-E quando eu andava pelo Alentejo, quando saí da tropa, o porco do Sidónio mandou a Guarda carregar contra trabalhadores que estavam em greve, morrendo várias pessoas, que não fizeram mais do que manifestar-se pacificamente,
António Pedro, de repente lembrou-se que o “ti” Matias do Carvalhal deveria ser Sidonista, já que em 1918, desertou do exército, pois fugiu do embarque para França e andou fugido pelas matas do Carvalhal, para não ser preso, à mercê da mãe Josefa Coelha, que lhe levava comida e outros haveres.
-Oh Sr.Costa o que é um ditador? –perguntou António Pedro um pouco estonteado pelo relato. Para ele não era nada do outro mundo, pois o que era aquilo ao pé das façanhas do Ti Gaspar, que se gabava de ter uns bois tão valentes, que um dia, quando andava a lavrar ali para os lados das Eiras, fugiram-lhe da arada, e fizeram um grande rego no barroco da eira?
-Meu rapaz, a ignorância do povo também faz parte da estratégia deste facínora do Salazar – agora num tom mais afável com o miúdo.
-Um ditador é um homem ruim, um homem que não respeita os outros, um homem que tortura, um homem que não quer eleições e quer mandar em tudo e em todos.
-Repara o que eles me fizeram na cadeia – e ao dizer isto tira as botas e as meias que estranhamente não estavam rotas no local dos dedos como as do seu tio e mostra todos os dedos dos pés sem unhas.
-Repara nas minhas mãos, arrancaram-me as unhas, uma por uma, lentamente, com um alicate depois de me amarrarem! Depois esperaram que voltassem a crescer e voltaram a arrancá-las pela segunda vez!
-Queriam saber quem me tinha pago para matar o porco do Sidónio, mas nunca lhes disse!
António Pedro, impressionado, olhava para as mãos e pés do homem com os olhos esbugalhados.
-Os malditos pensaram que me dobravam pela dor e por me manterem numa cela com água até aos joelhos durante dias a que perdi a conta, mas enganaram-se!
-Mas quem foi que lhe fez isso?
-Foi a PIDE a mando desse ditador que nos desgoverna.
-Deve ter doído muito! – Disse António Pedro fazendo uma imitação de esgar de dor.
-Nem tu imaginas miúdo! Respondeu Costa com os olhos muito abertos.
Já ouvi falar ao meu tio na PIDE. Ele não ouve o rádio na aldeia vai à noite para a ribeira, para o meio dos amieiros, ouvir o Portugal Livre, em determinados dias e diz à minha tia que é por causa da PIDE.
-Eu sei disso, eu conheço muito bem o teu tio, ele também ouve o rádio Tirana e a Rádio Moscovo! Ele também fazia parte dos ranchos que vinham para a ceifa aqui para os lados da Marofa.
E as histórias do assassinato de Sidónio Pais não ficavam por aqui. Contava ele também a seguinte história:
-Quando estava a cumprir serviço militar em Coimbra, eu, no comando de quatro praças, tínhamos ordens para remover o túmulo da Rainha Santa do Convento de Santa Clara, para aí fazermos uma cavalariça. Por mais força que os soldados fizessem com as alavancas de ferro, o túmulo não esboçou qualquer movimento, então eu irritado disse:
-Se não sai inteiro sai aos bocados!
E então ouve-se um a voz forte e muito límpida que sai do centro do túmulo!
-Nem sai inteiro, nem sai aos bocados!
Até me arrepio todo quando conto isto, dizia com a sua voz fanhosa, os soldados caíram inanimados e eu nunca mais quis saber de entrar naquele local.
Deste homem conta-se, que foi a pé para Lisboa e chegou mesmo a visitar a mulher e dois filhos no Vale de Santiago no Alentejo, onde foi pessoa de algumas posses. Em Lisboa, foi novamente detido, cumpriu pena e acabou por morrer louco em 1946, com 52 anos no Hospital Miguel Bombarda.
Será que este homem que se cruzou com os ranchos do Carvalhal por terras da Marofa, que ensinou na Quinta Nova as primeiras letras a Alípio Caetano já falecido, seria de facto o verdadeiro assassino do Presidente Rei?
Fonte: Notícias do Carvalhal
Autor: António de Almeida Matias

Levou cinco e pagou seis

Foto enviada pela Maria Amélia
Já não há cabradas, muito menos rebanhos de ovelhas, mas os cardos continuam à espera de poderem ser úteis.
Recordam-se de quando as vossas mães e avós coalhavam o leite com este produto campestre para poderem fazer os deliciosos queijos que muitas delas iam depois vender ao mercado de Pinhel?
A propósito vou contar-vos uma história da ti Primavera, minha mãe.
Certo dia estava ela a vender os queijos em Pinhel e aproximou-se um senhor bem vestido que se apresentou como sendo o veterinário que lhe disse:
-Então a senhora não sabe que não pode estar aqui a vender os queijos?
Ela, muito enfiada, lá respondeu que não sabia.
O bem vestido, abusando do seu poder de autoridade, diz-lhe:
A senhora tem que me dar um queijo desses para eu analisar se está bom ou não e, a Primavera, resigna,da lá lhe deu o queijo.
O bem vestido foi-se embora, sem mais palavras, com queijo.
Na semana seguinte, nada, o bem vestido não apareceu.
A ti Primavera lá pensou com os seus botões.
- O filho da mãe bem comeu o queijo à minha custa e eu sem dinheiro para dar de comer aos meus filhos.
Passado cerca de um mês, estava a Primavera na praça a vender mais queijos e apareceu novamente o veterinário; aí ela, pensou, "queres ver que me vai ficar com mais queijo sem mo pagar"?
O bem vestido aproximou-se e diz-lhe:
Afinal pode continuar a vender o queijo, o outro era bom.
Oh senhor doutor...!!!
Então quanto custa cada queijo? Perguntou sobranceiro o veterinário.
A Primavera disse-lhe quanto custava cada queijo e aí ele diz-lhe:
Dá cá cinco queijos. Pegou em dinheiro e pagou seis.
Afinal esvaziaram-se os temores da ti Primavera, fez um bom negócio nesse dia e a partir daí o veterinário passou a ser um dos melhores clientes.
Claro que o cardo contribuiu para que a ti Primavera tenha feito milhares de queijos deliciosos.

Os textos de todos os amigos do Carvalhal merecem a maior divulgação.


Fotos enviadas por Eneida Beirão

O pontedaspoldras tem muito gosto em dar a maior divulgação à informação e crónica plasmadas no Jornal "Notícias do Carvalhal", daí ter solicitado ao seu responsável e amigo Joaquim Ribeiro os textos "saídos" no Jornal para serem aqui republicados, o que fez e, a quem transmito o meu sincero agradecimento.
Dou desde já os meus parabéns aos que já começaram a escrever para o jornal contando momentos vividos.
O registo da história do Carvalhal vai-se fazendo através da transmissão registada das memórias de todos e de cada um.
Apelo a todos os amigos que ousem contar uma história que recordam com saudade, ou não, a façam chegar ao jornal ou a este blog e assim estarão a contribuir para que os vossos netos ou bisnetos um dia possam saber o que se passou convosco.


quinta-feira, 9 de julho de 2009

Faleceu o ti José Lourenço



Tomei conhecimento pelo Notícias do Carvalhal do falecimento do ti Zé Lourenço (José Lourenço Lino) no dia 21/05/2009. À família apresento as minhas condolências.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Minuta de acta da assembleia de 11 de Abril de 2009


Acta número Vinte e Seis

No dia onze de Abril de Dois Mil e Nove, pelas quinze horas e trinta minutos, na sede da Associação, decorreu a Assembleia Geral Ordinária da Associação Desportiva e Cultural « Os Amigos do Carvalhal» com a seguinte ordem de trabalhos:
I – Informações
II - Apresentação, discussão e votação do relatório e contas apresentado pela direcção referente ao Ano 2008.
III - Plano de Actividades para 2009

…………………………………………………………………………………………………………………………………………………
Ponto I – Informações
Iniciados os trabalhos, o Presidente da Assembleia colocou à votação a acta da Assembleia anterior, a qual foi aprovada por unanimidade.
Depois de terem sido dadas algumas informações foi debatida a questão do aumento das cotizações. O Presidente da Assembleia Geral sugeriu que de três em três anos deveria haver uma actualização do valor das quotas.
A maioria dos presentes manifestou-se no sentido de haver essa actualização, porém também houve associados que manifestaram a ideia que se deveria manter o valor das quotizações e quem quiser contribuir com mais dinheiro para a associação tem sempre a possibilidade de dar donativos.
Ponto II – Apresentação, discussão e votação do relatório e contas referente ao Ano 2008
O Relatório e contas de 2008 foi aprovado por unanimidade.
Ponto III - Plano de Actividades de 2009
Relativamente ao plano de actividades para o Ano 2009, a assembleia debateu diversos temas e propostas, nomeadamente:
1º- Relativamente à questão do Centro de Convívio, pareciam subsistir dúvidas se este projecto se destina a um Centro de Dia, cujos requisitos legais são mais complexos, mormente ao nível de intervenção da Segurança Social ou se se trata de um simples Centro de Convívio, o qual não carece de tantas exigências legais ao nível do projecto.
A Assembleia deixou claro que este Centro se destina principalmente ao convívio; no entanto, o projecto deverá ser inicialmente aprovado pela Câmara Municipal.
Urge dar início às obras ainda que não estejam reunidos os fundos necessários à sua conclusão, até como forma de incentivo à posterior participação de todos os Amigos do Carvalhal e também das autarquias locais, Junta de Freguesia e Câmara Municipal.
Em termos financeiros, a Associação tem fundos para iniciar os primeiros trabalhos, como por exemplo, o levantamento do telhado e trabalhos de estabilização do edifício, no entanto, o projecto inicial deverá suficientemente preciso para que sejam apresentados orçamentos rigorosos, sem possibilidade de haver derrapagens durante a construção.
Competirá a Direcção pronunciar-se se deve haver uma comissão de acompanhamento deste projecto.
Globalmente, foi dada a Direcção luz verde para iniciar as obras do Centro de Convívio. Há esperança que para o ano o convívio da Páscoa seja feito no novo espaço do Centro com mais condições, uma vez que se tem verificado um aumento da participação dos associados.
2º -Relativamente ao plano de actividades para o ano em curso, referiu a Direcção haver um protocolo com a Associação dos Jogos Tradicionais da Guarda e que se irão realizar jogos na altura das festas de Verão.
-Foi sugerida a realização de um Rally Paper ou Pedi Paper para angariação de fundos.
-A Direcção referiu ainda que vão ser colocados pilares para substituir as estacas de madeira do alpendre junto da secretaria da Associação.
-A direcção referiu-se ao problema da sinalética, estando prevista uma reunião para debater este assunto. Foi referido que a Direcção deve envidar esforços junto da Junta de Freguesia para esta colaborar intensamente nesta matéria, até porque se trata de questão da sua responsabilidade.
Mais referiu a Direcção que vai dar continuidade ao Jornal como instrumento de aproximação dos associados e divulgação do Carvalhal, da sua gente e da sua cultura.
Nada mais havendo para discutir e deliberar, foi a Assembleia encerrada, sendo a presente acta devidamente assinada.

sábado, 4 de julho de 2009

Instantes...

O que motivou o disparo da objectiva? Terão sido as nuvens, os carvalhos, o depósito da água...!?