sábado, 28 de março de 2009

Passou um ano

Vamos continuar.
A comunicação não se esgota e sempre que nos for possível aqui colocaremos novos posts. Este blog pretende continuar a ser um instrumento de ligação ao passado, com informação do presente e visão do futuro, tanto quanto possível, pela positiva. Tal como escrevi há um ano, a nossa aldeia, a nossa cidade, o nosso berço terão sempre um lugar especial. A simplicidade do discurso é para nós um modo de estar e um modo de inter agir com os nossos amigos, deixando para à vida profissional a responsabilidade do discurso conveniente e circunstanciado.
A casa que se vê na foto é propriedade da Associação Os Amigos do Carvalhal.
Por hoje deixo-vos só a foto mas voltaremos mais tarde a falar deste imóvel e do seu futuro.
Os verdadeiros amigos do Carvalhal vão-se unir-se e dar corpo a um projecto.
Temos que por mãos à obra...





terça-feira, 24 de março de 2009

Tentação.


No início da primavera era normal os rebanhos deixarem de dormir nas cortes dentro da aldeia para dormirem nas malhadas que se montavam nas terras de sementeira, como forma de serem estrumadas para mais tarde darem boas colheitas.
A malhada nessa altura estava montada nas terras do ranhadoiro e era para aí que diariamente o pastor conduzia, à noitinha, o seu rebanho.
Era preciso levar a ceia à malhada para o pastor e muitas vezes a missão recaía no garoto que na altura frequentava a escola primária.
Cestinha bem aconchegada, dentro um boa marmita de leite migado, umas batatinhas cozidas bem azeitadas, um tranqueiro de pão centeio, uma colher e um garfo, sem guardanapos, que era luxo desconhecido e a tapar, um paninho que escondia o manjar possível, que a mãe destinava ao filho mais velho encarregado de ser pastor.
- Vá, não te demores, que já é tarde e o Manel já deve estar com fome, disse-lhe ela, dando-lhe a cesta para a mão.
A noite já se aproximava galgando as ondulações da cozinha do Azinhal e os altos de Valverde, quando o pequenote, descalço e de pé leve, contornou o simagral em direcção ao calvário.
Ainda não tinha passado as cortes do Simagral e já a tentação era grande; a sua ceia não tinha sido farta e o estômago dava os primeiros sinais e os primeiros avisos.
- Não, não posso, não devo, ordenava-lhe a razão
- Então não achas que a carga ficava mais leve se desses umas entraditas na marmita do leite, murmurava-lhe a tentação.
Olha para a frente, olha para trás e não vê ninguém. Pára, pousa a cestita, retira o paninho e ali estava a marmita cheia de leite, bem provocadora aos seus olhos e ao seu estômago.
- São só umas colherinhas, ele não vai notar e, sofregamente, lá foram para a goela duas ou três colheres de leite.
Retoma o caminho, o calvário ficava à sua retaguarda e tinha chegado à encruzilhada; para a direita seguia o caminho principal, torneando ligeiramente à esquerda, descia-se a quelha que levava à gorgulicha.
Era altura de descansar e decidir qual o melhor caminho até à malhada.
O escuro iniciava o seu assalto envolvente ao horizonte e o garoto bem sabia que os tropeções nas pedras seriam bem menos se seguisse o caminho principal; porém, uma voz interior continuava a ruminar-lhe a consciência e a chamar-lhe parvo se não soubesse aproveitar o descanso e dar mais umas colheradas na marmita.
- Que se lixe!
Era mais tentador que qualquer maçã que Eva tenha colocado ao alcance de Adão, vai daí, abre a marmita e toca de meter a colher. Vai uma, vão duas, vão três e a razão a insistir para se controlar.
Qual quê! A marmita já dava sinais evidentes de esvaziamento mas, tal como o vício incontrolado, lá vão mais umas colheres em favor de um estômago que teimava em não dizer não.
Depois de ter caído pela segunda vez, deslizava caminho abaixo, com as vinhas do Senhor da Piedade para trás, quando pensou:
- É a ultima vez, a malhada está próxima e se o pastor me vê ou os cães dão sinal, já não posso voltar a dar as minhas colheradas e, se melhor o pensou, mais rapidamente o fez. Ao seu lado esquerdo ficava o lameirito do cimo do ranhadoiro, sentou-se junto à carrasca e toca de abrir mais uma vez a marmita.
Que delicioso aquele leitinho para um estômago ávido de o acolher.
Colher atrás de colher, até que um forte arrepio lhe atravessou a coluna
-E se ele descobre?
- Que trepa tu vais levar!!!...
Ideia genial, uma parte do que restava, toca de ser espalhado pelo fundo da cestita e assim sempre se arranjava um álibi; afinal a mãe fechou mal a marmita e com os balanços da corrida o leite derramou-se quase todo no trajecto.
Montada a justificação, dirigiu-se a passos largos em direcção à malhada.
O Manel esperava já faminto pela ceia e rapidamente pegou na cestinha para poder beber o leite e comer as batatitas.
Quando abriu a marmita ficou siderado, mas a explicação dada pelo irmão pareceu-lhe credível.
Bebeu o restinho que tinha ficado e, não fossem as batatas, teria passado uma noite esfomeada.
O garoto, por sua vez, não dormiu em toda a noite com remorsos do seu acto; mas, que fazer?
A tentação tinha vencido a razão.

sábado, 21 de março de 2009

Início da Primavera

As laranjeiras do meu vizinho Torres nesta época do ano perfumam os nossos jardins

O Rafael no seu primeiro dia de spa.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Jantar Pascal

Os sócios da Associação Desportiva e Cultural "Os Amigos do Carvalhal" receberam recentemente uma circular pela qual a Direcção apela à participação no já tradicional jantar de sábado de aleluia, dia 11/04/2009.
É com prazer que farei a viagem para estar presente. O nosso berço merece a nossa presença, os nossos amigos fazem parte da nossa vida. Vamos ouvir contar histórias já contadas, ditas e reditas pela milionésima vez, mas o prazer da recordação da nossa infância e juventude, comunicada de forma simples e descontraída constitui um alimento para o nosso espírito e um antídoto ao stress da nossa vida profissional.
Esquece a distancia e lá nos encontraremos...
Faz já a tua reserva para o jantar. Todos contamos contigo.
Para mais informações - noticiasdocarvalhal@gmail.com

domingo, 15 de março de 2009

Informação atrasada

O site da Câmara Municipal de Pinhel, recentemente renovado, está de cara lavada mas de conteúdo pouco informativo.
Ali se anuncia que as actas do executivo estão disponibilizadas com uma actualização de três meses, mas depois verificamos que a última disponível se reporta a 19/09/2008; ou seja a disponibilização está com pelo menos 6 meses de atraso.
Isto não é prestar informação.
O que se dá a conhecer relativamente à Assembleia Municipal é ainda mais criticável. Este órgão reúne cerca de cinco vezes por ano. Consultamos o site e verificamos que estão disponíveis, relativamente a 2008, duas actas; a 1ª e a 3ª. Pergunta-se, onde está a 2ª e as restantes do ano de 2008?

Merugens, a salada por muitos desconhecida


Quando o tempo assume o seu ar primaveril e as águas cristalinas dos ribeiros deslizam em direcção à ribeira, crescem nos leitos dos ribeiros as merugens que bem limpas e temperadas dão uma salada de sabor divinal.
Na foto o meu amigo Zé vai cortando as merugens e o "escondido" Joaquim Amaral, de saco na mão, espera paciente para o encher.
A colheita não foi abundante por dois motivos:
- Antes da nós um forasteiro vindo de Pinhel tinha feito a limpeza da salada já mais desenvolvida.
- O ribeiro ainda corria com muita força. Era preciso que a corrente fosse mais calma para as merugens melhor se desenvolverem.
A colheita, embora não abundante, deu para matar saudades.
Para o ano há mais.

segunda-feira, 9 de março de 2009

A caminho da dignidade que há muito merece


A colocação da calçada continua a bom ritmo. Como se pode verificar pela foto, no dia 21 de Fevereiro os trabalhos estavam junto da igreja, estando já colocada toda a calçada no interior da aldeia, desde a casa do Joaquim Ribeiro até à casa do Paulo. Estava por calcetar o receito da capela mortuária e a estrada até às Fontainhas.
Resulta deste cenário que na época de Pascoa estará concluída a colocação de toda a calçada na aldeia e se esteja na fase de acabamentos.
Visite o Carvalhal nesse período, veja o novo rosto da terra, critique o que entende estar mal feito. A participação de todos a todos beneficia


domingo, 8 de março de 2009

"Os versos que te fiz"


Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que a minha boca tem para te dizer!
São talhados em mármore de Paros
Cinzelados por mim para te oferecer.

Têm dolência de veludos caros
São como sedas pálidas a arder...
Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que foram feitos para te endoidecer!

Mas, meu amor, eu nao tos digo ainda...
Que a boca da mulher é sempre linda
Se dentro guarda um verso que não diz!

Amo-te tanto! E nunca te beijei...
E nesse beijo, Amor, que eu te não dei
Guardo os versos mais lindos que te fiz!

Autora: Florbela Espanca

sexta-feira, 6 de março de 2009

Unha de cabra

Onde se encontra este belo conjunto granítico?
Aqui fica o apelo à recordação e à memória de todos sobre as terras do Carvalhal.
Um dia dois pastores, qual deles o mais sensato e mais realista, resolveram subir à rocha em que assenta a "unha", decididos a provocar o desmoronamento da rocha superior. Depois de subirem, encostaram os ombros ao rochedo e fizeram toda a força do mundo, mas da operação resultaram apenas grandes luxações nos ombros de ambos e movimento de queda da rocha, nem vê-lo.
Não sabiam estes dois pastores que este afloramento granítico tinha sido ali colocado pela natureza em homenagem às cabras que muito vaguearam pela região e que por mais que alcançassem os píncaros e penhascos íngremes das serranias, sempre por ali se mantiveram de atalaia relativamente ao que as rodeava.

Convocatória da Assembleia Geral Ordinária de 11/04/2009


quinta-feira, 5 de março de 2009

Parabéns ao poeta

Casa de portas abertas
Quer de noite quer de dia
O casal que nela mora
É o Joaquim e a Lia

Oh que casa tão bonita
À entrada tem uma videira
E o dono dela chama-se
Manuel Albino Pereira

Quase ao fundo do povo
Mas não está sozinha
A casa que ali vemos
É do Joaquim Pontinha

Feita de velho granito
de granito bem agreste
É a casa onde mora
Uma senhora chamada Celeste

Casa não muito antiga
Mas com uma fachada linda
Esta casa onde mora
A senhora Olinda

Casa de grandes tradições
de cantigas foi sinónimo
A casa onde morou
O senhor Joaquim Jerónimo

Foi mandada construir
Por alguém bem português
Agora é habitada
Pelo Joaquim e pela Inês

É chamada a casa alta
bem no largo da Lameira
Nela mora o José Lourenço
E a senhora Lídia Pereira

Não é uma casa só
Porque tem muitas vizinhas
A casa onde mora
O António das Fontainhas

Nasceu no Lamegal
E não foi pró Manigoto
Veio para o carvalhal
O senhor Abel Guilhoto

Anda por terras de França
Mas tem a sua casinha
Na aldeia do Carvalhal
O Adalberto Pontinha

Quando se quer um salgueiro
Por norma vai-se à ribeira
Hoje viemos primeiro
Ver o Joaquim Oliveira

O frigorífico é bom
Pois nele nada se estraga
Viemos cantar as janeiras
Ao Artur Jacinto Fraga

Tem sempre uma boa pinga
E também um bom fumeiro
O morador desta casa
É o senhor Joaquim Ribeiro

Não há bem que não acabe
Nem há mal que sempre dure
Viemos cantar as janeiras
Ao senhor Joaquim Ventura

Aqui mora gente de bem
Já ouve alguém que o disse
E nós dizemos também
É o Luís e a Alice

Todos temos o nosso feitio
Cada qual é como é
Nesta casa de vez em quando
Mora o Francisco José

A vida vai-se fazendo
De alegrias e azares
E quem mora nesta casa
É o casal Soares

No sítio das Fontainhas
Já morou muita gentinha
Hoje para azar dela
Mora a Natercia sozinha

Aqui mora o Zé Gonçalves
Conhecido por Zé João
Que também já foi mordomo
Do nosso São Sebastião

Quando há um grupo a cantar
Há alturas que desafina
Nós viemos cumprimentar
O Francisco e a Carolina

Vimos aqui por amor
E não por falsidade
Cumprimentar uma pessoa
A senhora Piedade

Quando se saúda alguém
Deve-se ter bom senso
Nós saudamos também
O José Luís Lourenço

Uma construção bonita
Para ela dá gozo olhar
A senhora que nela habita
É a Dª Palmira Gaspar

Janeiras e desgarradas
São feitas de cantares
Esta casa é pertença
Da família dos Vilares

Oxalá que esta ronda
Não seja nenhum fiasco
Vimos cantar as Janeiras
À porta do Senhor Vasco

Às vezes está habitada
Mas hoje não é assim
Não está nenhum dos Amarais
Nem o António nem o Joaquim

Nós cantamos para todos
Não o fazemos por partes
Também cumprimentamos
O senhor José Marques

Há quem goste de cerveja
Outros gostam mais de vinho
Viemos dar as boas tardes
Ao nosso amigo Méquinho

Quando se começa a cantar
Os versos não tem fim
Também vimos saudar
O Américo do Bandolim


Autor: António Lourenço

domingo, 1 de março de 2009

A feira das tradições

Pela primeira vez, em 14 anos, pude visitar a feira das tradições de Pinhel. Não tive oportunidade de visitar o certame com pormenor que me permita uma análise critica ao evento e por isso, limito-me a referir dois, pequenos, reparos.
- É com mágoa e tristeza que vejo umas instalações industriais a ter, durante um ano, utilização por dois dias, um fim de semana. Para quando a sua utilização por 365 dias ano?
Senhor Presidente da Câmara, os Pinhelenses exigem do seu Presidente uma entrega total na procura de investidores que criem postos de trabalho no concelho. A procura de investidores que instalem uma industria neste local é missão prioritária do poder autárquico.
- Umas instalações construídas para a indústria não se adequam a espectáculos de som e imagem. Cada qual no seu lugar.
Foi bonito ver a nossa Junta de Freguesia, a propósito da temática "energias renováveis" apresentar a pasteleira que a imagem documenta. Todos nos recordamos de há cerca de 40 anos o luxo que era ter este belo exemplar como meio de transporte.