terça-feira, 27 de maio de 2008

Minuta da Acta nº 25 da Associação Desportiva e Cultural " Os amigos do Carvalhal"


ACTA NÚMERO VINTE E CINCO


No dia vinte e dois de Abril de dois mil e oito, pelas quinze horas na sede da associação, decorreu a assembleia geral ordinária da Associação Desportiva e Cultural « Os Amigos do Carvalhal», com a seguinte a ordem de trabalhos:
1 – Informações
2 – Apresentação, discussão e votação do relatório e contas apresentados pela direcção referentes ao ano de 2007
3 – Eleição dos corpos gerentes para o triénio 2008/2011

Aberta a assembleia e ainda no período antes da ordem de trabalhos o Presidente pediu um minuto de silêncio em honra e memória dos sócios falecidos em 2007/2008 e que foram Horácio Afonso Pereira, Firmino Alves, Maria Amélia Matias Amaral e Amadeu Paulo.
De seguida foi lida aos sócios a acta da assembleia anterior que foi aprovada por unanimidade.
Entrou-se na ordem de trabalhos
- Ponto 1 – Informações.
O Presidente da Direcção Vasco Pereira fez uma breve resenha história da criação e trabalho desenvolvido pela associação realçando a dedicação que ele e outros associados lhe deram ao longo destes anos.
O membro da Direcção Joaquim Ribeiro informou a assembleia que o projecto do centro de convívio tinha sido apresentado ao Senhor Presidente da Câmara de Pinhel e antes tinha sido também apresentado à Junta de Freguesia.
O Presidente da Câmara sugeriu que o projecto apresentasse só o aproveitamento do r/c como forma de lhe dar uma maior consonância com o sentido de recuperação do edificado.
Na mesma altura o Presidente da Câmara assumiu que apresentaria o projecto no âmbito do programa “ Raia Histórica” para tentar assegurar uma comparticipação financeira proveniente desse programa.
Sobre este assunto intervieram diversos associados, nomeadamente o João Paulo que referiu não ter estado presente na reunião com o Presidente da Câmara e que, no seu entender o projecto actual que contempla o 1º andar respeita o edificado inicial que também tem um 1º andar.
Depois de várias intervenções fica acordado que se iria solicitar uma nova reunião com carácter de urgência, com o Presidente da Câmara para lhe ser melhor explicada a necessidade de manter o 1º andar e na qual participaria o João Paulo, na sua qualidade de autor do projecto.
Ainda sobre esta temática o associado Samuel Matias do Amaral pediu para ler um documento que lhe tinha sido entregue pelo associado António Almeida que não podendo estar presente não quis deixar de dar a sua opinião sobre o que se pretende construir apresentando algumas reflexões; frisou no entanto o associado Samuel que reconhecia que o documento que passaria a ler estava de algum modo desactualizado face ao que efectivamente se pretende fazer, já que se aponta para um centro de convívio com uma vertente de apoio à terceira idade, sem que no entanto se pretenda construir um Lar ou Centro de Dia que, têm outros enfoques e obedecem a critérios de projecto de outro rigor e, eram alguns alertas nesse sentido, que o associado António Matias queria levar ao conhecimento dos associados.
Foi lançada a ideia de se constituir uma comissão específica de acompanhamento deste projecto que poderia ser alargada a sócios que não fossem membros da Direcção. Sugeriu-se que a constituição dessa comissão ficasse na responsabilidade da nova direcção que iria ser eleita, que com maior legitimidade, podia convidar os associados que entendesse para fazer parte dessa comissão específica.
Ainda no período de informações um associado, em nome de antigos alunos de uma professora que identificou, solicitou autorização para a realização de uma homenagem à sua antiga professora, na “casa do povo”, antiga escola, com a colocação de uma lápide comemorativa do evento, em data não definida.
A assembleia por unanimidade deu o seu consentimento à realização do evento pelos seus promotores.
Atendendo que a ideia ainda era embrionária e que era necessário contactar com os antigos alunos, o associado fez questão de pedir algum silêncio sobre o assunto para não gerar eventuais falsas expectativas. Como a acta é de divulgação pública, entendeu-se não divulgar aqui o nome do sócio, nem da professora a homenagear, sendo que se prevê que o evento possa ocorrer no mês de Agosto.
Ponto 2 – Apresentação, discussão e votação do relatório e contas referente ao ano de 2007
O relatório e contas de 2007 foram aprovados por unanimidade.
Ponto 3 – Eleição dos corpos gerente para o triénio 2008/2011.
Foi apresentada uma única lista concorrente às eleições que foi sufragada por unanimidade dos membros presentes e votantes, constituída da seguinte forma:

Assembleia Geral
José Gil
Gabriela Neto Gil de Oliveira
Vasco Pereira Gaspar

Conselho Fiscal
Joaquim Amaral
António Paulo Amaral
Manuel Paulo

Direcção
Francisco José Lourenço Santos
Paulo Jorge Bernardo Marques
João Paulo Amaral Oliveira
Joaquim Oliveira Ribeiro
José Paulo Gonçalves
Aníbal Domingos Oliveira
Isabel Cristina Nunes Ribeiro

Suplentes
Maria da Conceição Seixas Gonçalves
António José Paulo Bernardo
Maria Helena Oliveira Paulo
Ana Paula Sousa Gonçalves
Gracinda Ferreira Nunes Ribeiro

Nada mais havendo por discutir e deliberar, foi a Assembleia encerrada, sendo a presente acta devidamente assinada

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Caçada na neve

A chuva gélida do final do dia tinha dado lugar a uma noite de luar cristalino em que as estrelas cintilavam no Universo. De vez em quando via-se o clarão intenso, mas fugaz, de uma estrela cadente e já os tamancos, deslizando em direcção à corte das vacas, esmagavam com um som estridente a geada que gretava o chão ou se acumulava sobre as ervas que teimavam em crescer na rua.
Nem parecia que o termómetro durante o dia tinha caído para vários graus negativos, tal era a serenidade da noite. Só uma ligeira aragem teimava fustigar o nariz e nos recordava que estávamos em Janeiro.
Era sempre assim. Depois da tempestade vinha a bonança, para de madrugada nos visitar e ficar por algum tempo um manto de neve que tornava a região mais encantadora.
Se tudo corresse como era previsível o próximo dia ia ser diferente.
Depois da noite dormida na tarimba havia que espreitar o exterior.
Ela aí estava límpida, fofa, dando à aldeia uma tonalidade única e deslumbrante.
A pintura, não sendo monótona, era quase monocolor, ficando por cobrir as paredes cinzentas das casas.
Aqui e ali via-se o rasto de um rato que se tinha atrevido sair de casa, de um pardal ou de um pisco que ousaram tocar o veludo, salpicando o manto com ligeiras cruzes, sinalizando a sua passagem à procura de um abrigo.
O gado não podia sair à rua e o nevão, pela sua intensidade, dava sinais de se manter por alguns dias.
Para os mais velhos era uma preocupação, havia que alimentar - vacas, ovelhas e cabras à base de rações, viandas, palha e feno, o que além de ser um custo, representava também o risco dos animais mudarem o lustro do pelo por evidente falta de elementos nutritivos, que só o campo lhes poderia dar; mas, para os mais novos representava a possibilidade de fazer algo diferente; percorrer os campos e, seguindo-lhes o rasto, apanhar alguns coelhos com a ajuda e destreza da Doninha, essa cadela que durante anos foi rainha na arte de caçar.
Botas de cano alto ou envergando polainas, embrulhados em grandes casacões, partimos em direcção aos Castanheiros para sondar as várias tocas que havia até ao Vale da Areia.
A neve estava virgem, o que nos permitia seguir qualquer rasto. Os coelhos, incautos e desejosos de procurar alimentos, davam-nos as pistas do seus percursos, facilitando a descoberta dos seus esconderijos. Logo que algum, depois de acossado, saísse da toca, era presa fácil para a equipa de caçadores que, sem armas de fogo, mas munidos de longas varas, ajudados pelas dificuldades criadas pela neve em que se enterravam em fuga e aliados à velocidade e astúcia da Doninha, em menos de duas ou três horas já transportávamos à cintura vários coelhos que iriam ajudar nos dias seguintes a melhorar a ementa da família, já que naquela época, não havendo fome a fartura era limitada.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Há males que vêm por bem

Devia o catraio andar pelos seus quinze anos, idade bastante para alimentar ilusões.
Depois de alguns meses de acompanhamento do crescimento das searas pelos agricultores, quando as tarefas da monda e da adubação já eram passado, quando o centeio tocado suavemente pelo vento e bafejado pelo calor apresentava colorações entre o prata e o dourado, era chegada a altura do rancho entrar em acção para, entre uma ordem do manegeiro, um estalido de uma foice que bate numa pedra e o canto compassado das ceifeiras, se transformar uma seara num campo despido, seguido do erguer de diversos rolheiros à espera de serem desfeitos alguns dias mais tarde.
As rolas, os pombos, os estorninhos, sem esquecer os sempre traquinas e barulhentos pardais, tinham agora e durante algum tempo a mesa posta sem terem que se preocupar em fazer jogos de equilíbrio e de sustentação junto das espigas ondulantes ao sabor do vento.
Decorria o período das ceifas, dos mais novos aos mais velhos a aldeia andava num alvoroço. O rancho era composto de diversas faixas etárias, mas onde a juventude era predominante.
Cada casa dava uma ou duas pessoas à constituição do rancho, em função da dimensão das famílias e, se possível, em função dos alqueires semeados que se iriam traduzir, mais tarde, em maior ou menor número de poisas a ceifar.
Quis o destino que o Joaquim Jerónimo estivesse obrigado a ter anualmente umas das maiores sementeiras da aldeia, de cujo resultado, a maior fatia ia para o Joaquim Matias proprietário do casal, como preço das rendas anuais; logo, devia dar ao rancho pelo menos duas pessoas.
O Tónio tinha seguido o caminho da emigração clandestina, havia pouco tempo; o Manel, enfermeiro de especialidade na tropa, cumpria o serviço militar na Guiné; restava a laboriosa Maria e o chefe do clã para naquele ano fazerem parte do rancho.
Engoliu alguns dias em silêncio a mágoa de não fazer parte daquele grupo que diariamente se encontrava manhã cedo e partia para o campo; uns com o barrico às costas, outros com cântaros e barris de água; muitos deles de dedeiras penduradas no cinto e as foices embainhadas.
Não aguentava mais.
A juventude estava lá, o rancho era o núcleo da festa, onde se cantava, brincava e ria e ele tinha que passar o dia isolado tratando das vacas sem poder conversar, sem poder conviver, até que certa noite, depois de apresentar alguns argumentos, lá convenceu o Joaquim Jerónimo que tinha mais um homem em casa capaz de substituir os que tinham partido.
Porque não deixa-lo experimentar, terá pensado o pai ...
- Então amanhã vais tu e a tua irmã para o Zé Jaime.
Foi uma grande alegria e a excitação apoderou-se dele, tendo grandes dificuldades em dormir essa noite.
Manhã cedo, foi dos primeiros a chegar junto da casa do Zé Jaime.
O rancho devia começar a faina na encosta junto à ponte do Bico e entre cantares, risos e mais folia, lá foi o rancho Cozinha do Azinhal acima até chegar à seara no Bico.
Todos sabiam a sua posição, mas era preciso encaixar o novato e, porque já desconfiavam da sua real capacidade, lá o encaixaram entre o António Lourenço à frente e, na sua retaguarda seguia a Maria.
Com os primeiros ataques da foiçe no corte do centeio logo se mostrou alguma falta de capacidade de curvatura nas costas.
Afinal, a agilidade desportiva não era suficiente para assegurar a mestria de bem ceifar.
O restolho ficava alto e um manegeiro mais atento lhe diz que a foice devia ir mais junto à raiz.
A cadência do lançamento da foice ao corte não podia ser inferior à dos restantes.
Os primeiros suores começaram a apoderar-se dele ainda não tinham decorrido mais do que dez ou quinze minutos.
As costas davam já os primeiros sinais de fraqueza e já o Lourenço, apercebendo-se do seu atraso, aqui e ali, entrava nos seus regos para lhe criar umas clareiras capazes de lhe dar algum alívio.
Depressa deixou de sonhar com as alegrias de pertencer ao rancho para interiormente se chamar de estúpido pela troca que tinha feito com o pai.
O calor era agora cada vez mais intenso e o suor banhava-lhe todo o corpo.
A foice era lançada com raiva, o centeio fugi-lhe da mão esquerda pequena e não treinada. Sentia que estava longe de corresponder ao que todos esperavam de si e o nervosismo era intenso; até que, sem dedeiras de protecção, a foice deslizou em direcção ao seu dedo mendinho e só parou com um grito de dor intenso seguido do jorrar intenso de sangue.
Com um lenço logo lhe fizeram um garrote ao dedo e percebeu-se que "a baixa" não remunerada era a única saída airosa para o estreante.
Com uma dor intensa no dedo todo ensanguentado só lhe restava o abandono.
Cabisbaixo, triste e amargurado, despede-se do grupo para se dirigir ao povoado e chamar o pai que o deveria substituir.
A dor do momento foi também a tábua de salvação para um sonhador que só via no rancho o lugar da alegria, do entretenimento, da camaradagem, mas tinha esquecido a dureza da faina e a sua total falta de preparação, porque na realidade, o seu treino consistia em passear os livros de baixo do braço em Pinhel, onde as sombras da trincheira albergavam sonhos, fantasias e tempos bem mais agradáveis do que suportar o calor intenso e um ritmo de trabalho de natureza diabólica ensaiada por humanos.
A experiência foi óptima e o ataque da foice ao dedo resultou em tábua de salvação que permitiu o abandono com honra.
Lá diz o ditado:
- Há males que vêm por bem.
Resta a marca, ainda hoje visível, fazendo-lhe lembrar as suas origens.

domingo, 11 de maio de 2008



O padrinho e a madrinha; esta disfarçada de enfermeira para poder ir à sala de partos fotografar os primeiros momentos.

sábado, 10 de maio de 2008

A sagrada família

Os manos a Fátima e o Zé

O mais novo com os mais velhos



O avô Candeias
A Avó Primavera, a mãe babosa e o Rafael.
O Ricardo feliz com o mano Rafael ao colo.
A minha prioridade vai para o Rafael que nasceu a 04/05/2008.
Sempre que possível aqui estaremos com novos posts.

Eleição dos corpos sociais da Associação Desportiva e Cultural "Os Amigos do Carvalhal"


Como já referido em anterior post decorreu no dia 22 de Abril transacto a Assembleia Geral da Associação Desportiva e Cultural "Os Amigos do Carvalhal".

Na mesma data foram eleitos os corpos sociais para o mandato 2008/2010.

Aqui fica o registo dos membros eleitos


Presidente da Assembleia Geral - José Gil

Secretários - Gabriela Oliveira e Vasco Gaspar.


Presidente da Direcção - Francisco José

Vogais - Paulo Marques, João Paulo, Joaquim Ribeiro, José Gonçalves, Aníbal Oliveira, Isabel Ribeiro.

Suplentes - Maria da Conceição Gonçalves, António José, Maria Helena Paulo, Ana Paula e Gracinda Ribeiro.


Presidente do Conselho Fiscal - Joaquim Amaral

Vogais - António Paulo Amaral e Manuel Paulo.


A entrada de gente nova para a Direcção ao mais alto nível, é um sinal de vitalidade e o reconhecimento de que a Associação continua dinâmica e constitui um elemento aglutinador das gentes do Carvalhal.

Mais uma vez o meu reconhecimento e admiração pelo trabalho desenvolvido pelo anterior Presidente da Direcção - Vasco Gaspar, que ficará para sempre como o grande impulsionador da criação do Museu do Carvalhal.

Ao Chico Zé e sua equipa desejo votos de um bom trabalho.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Não faz mal, eu é que escorreguei.

A casa do Constantino, sob a supervisão da sua, sempre amável, esposa Gaby era a pensão de três meliantes oriundos do Carvalhal e Atalaia e de uma garotinha tímida do Salgueiral.
O Zé Vicente, colega de curso e o Manel Simões, que tinha optado pelo Comercial, ainda estavam à mesa e já, como habitualmente, eu me escapulia, de pasta de baixo do braço em direcção à rua.
Sem ser novidade, era um dia diferente. Da parte da manhã já tínhamos feito as nossas tropelias às raparigas que tiveram que suportar as nossas investidas de morteiros com balas brancas.
Transpus as escadas da varanda de casa e os pés começaram a mover-se sobre o "algodão" que rangia à pressão das botas.
Entro na rua e, vinda do lado direito, aproxima-se com a leveza possível, uma senhora.
Pé,ante pé, aproxima-se.
- Bom dia Gil, deixa-me segurar a ti e ajuda-me! Isto hoje está horrível.
Dou-lhe a minha mão e ela, sem rodeios, dá-me o seu braço.
- Naquele momento senti-me importante. Ela, fragilizada, dependia de mim.
Não que tivesse alguma vingança a fazer; até porque era a minha santa protectora nas investidas pelas notas negativas que o mestre de oficinas nos finais de trimestre sempre se preparava para entrar; mas porque todos a olhávamos como uma dama que não sendo de ferro, nos impunha todo o respeito que é possível e desejável numa escola.
O frio era intenso e em muitos locais da rua o pavimento já estava vidrado, o que facilitava e, muito, alguns "batecus" mesmo para os mais precavidos.
O trajecto junto à trincheira fazia-se com as precauções possíveis e já vários colegas se iam aproximando daquele par em que o baixinho de braço dado arrastava consigo a senhora de andar frágil
Tínhamos transposto o portão da Escola do lado poente e descíamos uma ligeira inclinação em direcção ao edifício, quando de repente uma perna dela, involuntariamente, avança descontrolada e arrasta-a atrás de si. Em escassos milésimos de segundos, os nossos corpos deixam a vertical para se prostrarem no chão, servindo, a frágil senhora, de meu colchão.
Os assistentes, que eram muitos, não contiveram o riso hilariante.
Quem não gostou nada do sucedido fui eu, que além de não ter sido capaz de me mostrar como um cavalheiro em que uma dama podia confiar, aproveitei, de forma involuntária, a circunstância, para me lançar sobre ela.
A Senhora Directora da Escola, Drª Julieta Saraiva, de porte altivo, limpando a sua roupa molhada, gentilmente, diz-me:
- Não faz mal, eu é que escorreguei...