segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Intervenção feita pelo partido socialista na Assembleia Municipal de Pinhel realizada a 27/12/2013

Senhor Presidente da Assembleia Municipal
Senhor Presidente da Câmara
Senhores Vereadores
Senhores Deputados Municipais
Senhores Presidentes de Junta de Freguesia
 Estamos aqui reunidos para, além de outros assuntos já debatidos e votados, pronunciarmo-nos sobre as Grandes Opções do Plano e Orçamento apresentados pelo executivo municipal para o ano 2014.
É comum e natural que nos documentos apresentados à assembleia municipal para apreciação, além dos números e mapas, tenham uma informação escrita, traduzida em linguagem acessível, mas que de forma sintética nos ajudem a ler os números, nomeadamente informando a que princípios e orientação estratégica obedecem as anunciadas atividades mais relevantes e que impacto tais atividades terão ou que se pretende que venham a ter no melhoramento das condições de vida das pessoas e que reflexo poderão ter na atividade empresarial local
Um orçamento municipal e as grandes opções do plano, representam a visão que um executivo municipal tem do seu concelho e o modo como pretende que ele evolua.
Das 9 páginas que constituem este documento inicial não se colhe um único dado relevante que transmita aos Pinhelenses de qual a estratégia seguida e assumida pela câmara municipal para os próximos anos. Não refere uma única obra ou atividade de eleição como indicador ou sinal de que estamos num novo ciclo anunciado eleitoralmente.
Estamos de acordo que a câmara municipal, e passo a citar um parágrafo do documento que nos foi apresentado,
precisa de gerir o seu orçamento, controlar as despesas e rentabilizar muito bem os recursos cada vez mais escassos, fazer face às solicitações da população de um concelho do interior com as especificidades por todos conhecidas e fazer as melhores escolhas, com uma gestão rigorosa, em prol do desenvolvimento do município e da melhoria da qualidade de vida das populações”. Fim de citação
Mas estas preocupações estão realmente no centro das atenções do senhor Presidente recentemente eleito?
Lamentamos ter de afirmar aqui que os primeiros sinais de gestão não vão nesse sentido; na verdade, conforme se pode verificar pelos números de que falaremos mais adiante, o senhor Presidente mostrou que a sua prioridade foi criar aumento de despesa com o seu gabinete e com a sua mobilidade.
O partido socialista admite até que poderia haver condições objetivas para que certos e determinadas custos se tivessem de realizar, nomeadamente com a aquisição de viatura a afetar ao senhor Presidente, mas quem gere o município de Pinhel, fundamentalmente na atual conjuntura, tem que ter a humildade de reconhecer que está a gerir um dos municípios de menores recursos de Portugal e, assim sendo, a humildade deveria ser o sentido e o espirito que deveria ter norteado o senhor Presidente no momento em que decidiu a “aquisição” de uma nova viatura através do leasing operacional.
Outros Presidentes de Câmara de concelhos bem mais ricos dão exemplo de outra forma de gerir, transportando-se em viaturas bem mais baratas.
Senhor Presidente se tivesse adquirido uma viatura um pouco mais modesta teria poupado o suficiente para pagar uma boa parte do vencimento de um funcionário da câmara ou mesmo o seu vencimento por inteiro e, aí estaria a ser coerente com a dita gestão rigorosa dos parcos recursos do município.
 Os documentos que foram apresentados, além de serem pouco esclarecedores e omissivos sobre determinadas matérias, faltam á verdade quando neles se afirma que foi cumprido o estatuto da oposição, pelo menos no que ao partido socialista diz respeito, essa afirmação é falsa.
Passamos agora em revista alguns dos números que nos são apresentados.
 Temos um orçamento com uma receita prevista de cerca de doze milhões de euros, o que julgo corresponder a um decréscimo, quando comparado com o anterior em cerca de 20%.
Compreendemos que este orçamento reflete o resultado das politicas restritivas e desastrosas do atual governo e que o executivo, pouco pode fazer para o alterar nessa vertente da receita porque se trata de um orçamento onde as verbas diretamente arrecadadas pelo município são diminutas quando comparadas com as receitas provenientes do Fundo de Equilíbrio Financeiro, do Fundo Social Municipal e participação fixa no IRS que em termos de transferências correntes correspondem a cerca de aproximadamente seis milhões e quinhentos mil euros.
Se a esta receita somarmos as transferências de capital com mais um milhão de euros, facilmente se percebe da dependência do nosso município e da sua pequena capacidade para gerar receita através de impostos diretos, nomeadamente IMI, IMT e imposto único de circulação.
Mas há receitas sobre as quais pretendemos que o Senhor Presidente explique a esta assembleia, pelos seus valores e origens, que confessadamente, não as compreendemos.
- Serviços culturais ----------------        €: 320.000,00
- Outros,  com o código de clas. económica 07020999        €: 250.000,00
- Sociedades e quase sociedades não financeiras       €: 500.000,00
Para só citar alguns exemplos de receita previsível e não suficientemente esclarecida
 No que respeita à despesa temos um total de despesa corrente de aproximadamente nove milhões de euros, a que corresponde a cerca de 75% do orçamento.
Na despesa há números difíceis de compreender, citamos, meros exemplos:
- Seminários, exposições e similares  €: 285.000,00, quando no orçamento apresentado para 2013, com a mesma classificação orgânica estava orçamentada uma despesa de €: 2.100,00.
- Publicidade €:35.300,00, quando para o ano que agora finda a previsão era de €:15.000,00
Estes números refletem um orçamento onde o investimento é praticamente residual, o que se nota perfeitamente nos mapas das GOPs e atividades mais relevantes. Mas se fizermos uma leitura comparativa do Plano Plurianual de Investimentos e tomarmos como referência a previsão de custos com a construção das piscinas cobertas, que já estavam previstas começar a sua construção  em 2013, mas que nada foi feito;
mas dizia eu que se se comparar a previsão de custos com a construção da piscina no orçamento de 2013, previa-se que iria custar €: 1.650.000,00, prevendo-se a sua conclusão em 2015.
No orçamento agora apresentado as mesmas piscinas têm uma previsão de custo de €:2.200.000,00, com conclusão prevista para 2016.
De um ano para outro, sem que haja inflação significativa, revê-se o custo previsível das piscinas cobertas em mais €:.550.000,00, o que representa uma derrapagem, mesmo antes de se iniciar a obra em 33%.
Não se compreende e não se aceita como credível este tipo de orçamentação e, por exemplo no mesmo orçamento não se encontre nenhuma verba prevista para colmatar uma necessidade que consideramos de grande importância em termos de mobilidade concelhia e regional; referimos a necessidade de se construir uma nova ponte em Valbom.
Senhor Presidente
O partido socialista não espera que faça milagres, tem consciência das dificuldades e da falta de receitas face às necessidades do concelho, mas esperava que a sua visão estratégica para os próximos 4 anos fosse outra.
O partido socialista não compreende como se pode reservar verbas tão insignificantes para apoio à agricultura e industria que no seu conjunto, não ultrapassa os vinte mil euros e se afete cinquenta mil euros à promoção do turismo.
Convém aqui referir que não somos contra a promoção do concelho e suas potencialidades turísticas, mas com conta peso e medida adequadas ao bom senso e a alguma relação custo benefício que se espera tirar pelos agentes económicos do concelho, nomeadamente na criação de postos de trabalho.
O nosso concelho tem algumas potencialidades na área do turismo, tem capacidade para crescer, mas sejamos realistas; não será o turismo o motor da dinamização do desenvolvimento económico do concelho.
Pinhel é um concelho iminentemente agrícola e a agricultura precisa de ser acarinhada e ajudada, mas reservar dez mil euros para esse apoio é dizer aos agricultores que a sua câmara municipal não vive os seus problemas e não está junto deles para os apoiar.
Não há desenvolvimento económico num concelho se não forem criadas e desenvolvidas as suas capacidades no domínio da indústria, seja ele, pela  vinda de industrias que se instalem por razões estratégicas ou por industrias agro alimentares capazes de absorver e incentivar o aumento da produção agrícola e atividades afins.
E o que vemos nesta matéria em termos orçamentais?
Uma reserva de dez mil euros para apoiar projetos industriais no âmbito do projeto “finícia”, que o estado apoia quando se verifica que se trata de projeto inovador.
E já que falamos de indústria, o partido socialista pergunta ao senhor Presidente da Câmara de qual é o ponto da situação da anunciada instalação da fábrica de desidratação produtos agrícolas “a Beira Terra”, em Pinhel.
Será mais uma das muitas falsas promessas de instalação de indústria no concelho ou vai ser uma realidade em breve?
Os pinhelenses querem saber se podem contar com a criação de novos postos de trabalho ou o projeto, não passa disso mesmo, de um projeto que fica nas nuvens das promessas. Mas quer saber também em que contexto se irá instalar a dita fábrica. Qual a envolvência efetiva da Câmara Municipal neste anunciado projeto.
Esperemos que esta promessa não seja mais uma das promessas feita em período eleitoral que fique por cumprir.
Um documento que é importante analisar na discussão do orçamento é aquele que reflete as atividades mais relevantes que o órgão executivo pretende levar à pratica durante o próximo ano e anos seguintes.
Logo na primeira página, do dito documento, depara-mo-nos com uma atividade relevante que no entender do partido socialista só o é pela dimensão da despesa que acarreta; duzentos e quarenta mil euros ano com pouco benefício para a população de Pinhel em geral.
Trata-se do arrendamento das instalações da antiga Rhode. Vinte mil euros mensais que são uma afronta ao erário municipal.
Já agora, aproveitamos para pedir ao Senhor Presidente da Câmara que mande atualizar o site da Câmara e reponha a verdade.
Deve informar os Pinhelenses que o município perdeu a ação que intentou contra a Rhode e não o contrário, mas o site, enganosamente, anuncia que a Câmara ganhou essa ação.
Sobre este assunto falaremos noutra altura.
Dirá o Senhor Presidente.
Lá estão este fulanos do PS a bater na mesma tecla.
Mas a verdade é que o PSD também demonstrou há uns meses atrás que também não concorda com este arrendamento; porque se concordasse não teria tanta necessidade de dizer em campanha que tinha comprado as instalações, escondendo a verdade.
Quem sente que defende os interesses dos pinhelenses em geral não precisa de confundir rendas com prestações ou reforços de sinal. Não precisa de dizer que comprou o que comprovadamente tem arrendado.
Gostaríamos que fosse explicado a esta assembleia a razão por que se reflete em AMR uma despesa com a empresa municipal em cerca de duzentos e cinquenta mil euros no capitulo de atividades culturais e no mesmo capitulo em ação diferente, em realizações de eventos de cariz cultural se preveja um gasto de mais duzentos e oitenta e cinco mil euros.
O partido socialista não compreende que se gaste sob a capa da cultura quinhentos e cinquenta e cinco mil euros e, em desporto, recreio e lazer não se vá além de duzentos mil euros.
Apoio à cultura?
Com certeza, mas não utilizem a dita cultura para propaganda, porque mais tarde ou mais cedo, infelizmente, os Pinhelenses irão pagar bem caro esse despesismo.
Para terminar
O partido socialista considera que se trata de um orçamento de mera gestão corrente, pouco claro sobre varias despesas orçamentadas, considera mesmo que este orçamento está desajustado às verdadeiras necessidades do concelho de Pinhel.
É um orçamento que não traduz verdadeiras preocupações com os graves problemas do concelho e só não vota contra por respeito aos eleitores que elegeram esta maioria; mas não temos duvidas de que o tempo irá demonstrar que o caminho traçado pelo PSD é um caminho de resignação que levará à extinção do concelho a medio prazo por falta de atividades económicas capazes de fixar populações e falta de arrojo na luta contra a desertificação.
Senhor Presidente o partido socialista abstém-se sobre esta proposta de orçamento, mas faz-lhe um apelo.
Lute pela criação de postos de trabalho no concelho; necessidade que este orçamento não reflete.
Os pinhelenses reconhecerão que vale mais a criação de 20 ou 30 postos de trabalho do que qualquer espetáculo mediático que leve mais uns milhares de euros dos cofres do município, sem qualquer benefício de médio/longo prazo para a população.
O partido socialista quer uma gestão popular, não quer uma gestão populista.
Muito obrigado.
 
 
 
 

 

domingo, 29 de dezembro de 2013

Na defesa do concelho de Pinhel livre e sem obscurantismo

As campanhas eleitorais, nomeadamente, as campanhas eleitorais autárquicas têm como objetivo a apresentação de propostas e programas de governação às populações eleitoras para que estas, de forma livre e democrática possam, através do voto escolher entre os programas e pessoas que os apresentam, seja através dos partidos políticos, seja através de grupos de cidadãos independentes, para os governar durante o mandato autárquico seguinte.
Na sequência da revolução de 25 de Abril de 1974, com a restauração da democracia em Portugal, todos os portugueses amantes da liberdade, podem de forma livre expressar as suas opiniões, sem necessidade de recurso a atos de clandestinidade, próprios dos regimes de ditadura em que o direito de opinião política constituía um delito passível de perseguição.
Em democracia quer os partidos políticos, quer os grupos de cidadãos independentes, ao comunicarem com o eleitorado fazem-no através da apresentação e divulgação de documentos e intervenções públicas, cientes de que a sua mensagem se destina a esclarecer os cidadãos eleitores e por isso honram-se a si e às mensagens que divulgam subscrevendo-as e dando a conhecer ao eleitorado a autoria das suas propostas.
Acontece que na calada da noite e de forma clandestina nas vésperas do ato eleitoral que se realizou no dia 29 de Setembro no nosso concelho, nomeadamente, na cidade de Pinhel, foi divulgado um documento que teve como objetivo atingir uma candidatura partidária, insinuando custos para o município inerentes à eleição dos primeiros quatro candidatos de um partido à Assembleia Municipal, no caso de estes virem a ser eleitos, que independentemente de corresponderem ou não à verdade, o autor ou autores desse comunicado, não tiveram coragem de o subscrever.
Esta forma de atuação política clandestina e sem rosto não é um sinal de liberdade e transparência na vida política do nosso concelho que esta Assembleia Municipal, como órgão de representação de todos os munícipes do concelho, deseja e defende.
Assim, a Assembleia Municipal de Pinhel, na defesa dos valores da liberdade e democracia, mas também na assunção da responsabilidade e dignidade de todos os responsáveis políticos do nosso concelho, condena a divulgação de toda e qualquer mensagem politica que tenha sido ou venha a ser feita de forma anónima e sem identificação dos seus autores.
Pinhel, 27 de Dezembro de 2013
Esta moção foi apresentada pelo partido socialista e foi aprovada por maioria com 6 abstenções.
 

terça-feira, 15 de outubro de 2013

DE REGRESSO...

Confesso que já tive alguma dificuldade em reabrir o acesso às mensagens a publicar neste blog, tal é a distância temporal que me separa entre a última mensagem aqui publicada e a presente data.
O tempo ou a falta dele, a motivação ou a falta dela, as razões porque tinha criado este blog estavam um pouco esgotadas; não por falta de temas e assuntos, mas porque a vida, como se costuma dizer, dá muitas voltas e por vezes inimaginadas o que me levaram a deixar para segundo ou terceiro plano o alimentar de um blog que embora me desse satisfação pessoal pelas recordações que para mim ressuscitava, sentindo também que durante algum tempo, muitos dos meus amigos eram já leitores por mera distração e que se calhar frustrei por ter terminado a minha escrita neste local.
O meu pedido de desculpas a esses amigos.
Veio o Facebook e com ele uma nova forma de comunicar e interagir.
Criaram-se amizades cibernéticas; estabeleceram-se contatos com amigas e amigos distantes no tempo e no espaço, mas hoje reconheço que o blog nos dá mais gozo e serve melhor quando o pretendemos utilizar com um fim específico e por isso, devido ao facto de ter sido eleito para a assembleia municipal do meu município, Pinhel, entendo que a nova função politica me obriga a comunicar com mais regularidade com os Pinhelenses e menos com muitos dos meus contatos do facebook que não vivem os problemas do meu concelho e porventura acharão até que estão fartos de receber comunicações sobre Pinhel e as suas gentes.
Entendi assim reativar o pontedaspoldras para, no futuro, passar a opinar, agora com o dever inerente ao cargo que ocupo; falando sobre os problemas e soluções preconizáveis para a melhoria de qualidade de vida do meu concelho, mas também de outros assuntos que considere merecerem a minha opinião e a sua divulgação.
Com esta posição liberto os meus amigos, em geral, do facebook  de "levar com Pinhel", nas minhas comunicações, mas ao mesmo tempo apelo aos meus amigos pinhelenses, mesmo aqueles que possam discordar do meu pensamento, a seguir novamente este blog, que terá certamente temas polémicos para animar a discussão.
Até breve.