domingo, 7 de setembro de 2008

Casa típica

Bem no centro do Carvalhal encontramos uma das casas mais emblemáticas da aldeia. Mandada construir pelo ti César é hoje propriedade do Joaquim Gonçalves. Construída em granito, assente num maciço rochoso tem uma vista brilhante a tardoz, que virada a nascente lhe permite estender horizontes na direcção de Valverde e Almeida.
Teria eu talvez 6 ou 7 anos e, num "belo dia" uma forte trovoada abateu-se sobre a aldeia.
Os raios eram constantes, rasgando o céu em todas as direcções. Ainda não se tinha dissipado o som de um trovão e já estava outro de forma ensurdecedora estalava fazendo vibrar o povoado. Começavam a cair as primeiras pingas de uma forte enxurrada que se avizinhava, o céu tornou-se amarelado, quando um intenso relâmpago se abate sobre a casa do ti César e se houve um estrondo medonho. O impacto da queda da faisca sobre a chaminé da casa do ti César foi terrível. A descarga desceu a chaminé, movimentou uma das grandes pedras que a sustentavam, deslizou sobre a rocha e atingiu a corte do ti Manuel Lourenço onde matou uma das vacas que aí se encontravam.
Estava eu naquele momento junto à porta da casa dos meus pais e a cerca de de 15 metros encontrava-se um grupo de pessoas próximo do lagar do ti Matias. Recordo que no grupo estava um negociante de lã, o Veiga, que se não estou em erro era da Atalaia, o qual foi literalmente projectado uns "largos" metros, indo cair, por coincidência, já dentro da casa do lagar que na altura estava na posse do meu pai e onde estava guardada a lã.
Convivi na aldeia com muitas trovoadas tenebrosas, mas esta ficou-me na memória pelo dano que provocou e pela forma como o dito Veiga voou.
Curiosamente a casa do Ti César, não sofreu mais do que um ligeiro deslize de uma das pedras da Chaminé.

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