sábado, 13 de junho de 2009

A ponte das poldras fica mais próxima.



Nesta altura do ano as olgas eram verdes, muito verdes. A rama das batatas, quando não polvilhada de mantos de escaravelhos, dava um colorido a toda a orla ribeirinha de verde carregado. As burras, em passos bem cadenciados lá iam movendo a nora e enchendo as canais de água, que bem orientada regava leira a leira, desde o Vale de Pombo ao Navalho.

O caminho que dava acesso às olgas das poldras, lapaceiras, barroco cobrado, olgas do porto a partir da bifurcação junto ao chão do ti Francisco Aurélio, não sendo o que maiores dificuldades apresentava na sua travessia pelas dezenas de carros de vacas que durante todo o ano circulavam transportando batatas, abóboras, feno, estrume, nabos, centeio, milho, lenha, etc. etc. faz hoje parte da nossa memória do passado mais ou menos distante.

O caminho da nossa infância saía da aldeia por trás do Simagral na confluência do caminho vindo da casa do António Samuel que se juntava ao caminho vindo dos lados da casa do ti Alípio e Joaquim Aurélio, seguia em direcção às regadas e ao pradinho, rasgava a barroqueira cereja, serpenteava até chegar ao picarrão, atravessava os lameiros da ribeira ao cimo do picarrão e torneava-os, novamente para desembocar, mais abaixo, na ribeira junto à ponte.

Era celebre o picarrão, um baldio a meia encosta junto aos lameiros da ribeira atravessado por um carreiro e um caminho bem agreste.

Há uns anos, em nome do progresso, o picarrão desapareceu esventrado pela estrada construída pelos militares. Essa estrada que sepultou o velho caminho das poldras na zona do pradinho/paijoanas deixou o antigo traçado e dirigiu-se à entrada do Carvalhal junto ao cemitério, rasgando-se a nova estrada mesmo por trás do cemitério até ao calvário; aí dividiu-se em duas, uma na direcção do Pereiro, a outra em direcção a Valverde, passando pelas poldras. Construiu-se uma nova ponte e uma mini represa que espera ser aproveitada.

Hoje o velho caminho deu lugar à nova estrada alcatroada que se vê na foto. Sinal de progresso sem reflexo positivo imediato na economia local. Os campos vão continuar abandonados...

Encontrar uma solução para o reaproveitamento dos campos é um desafio para quem governa.

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