quinta-feira, 2 de abril de 2009

Melhor teria sido dar logo um murro no vidro.

A colheita das merugens lá para os lados das fréguiças tinha acabado e estávamos de regresso a casa quando a seguir à curva e depois de uma ligeira lomba se quedava a viatura que vemos em primeiro plano. Lá dentro, em aparente acalmia, descansavam alguns cães pouco preocupados com o nervosismo do condutor da viatura, o qual se apressou a explicar que estava em dificuldade em tirar o carro do meio da via porque um dos exemplares que descansava dentro da viatura tinha tido a brilhante ideia de vir até à janela da carripana, pousou uma das patoilas em cima do manipulo do fecho da porta do condutor e o resultado, de conduta animal tão negligente, foi o fecho centralizado da viatura com as chaves no seu interior.
Perante o cenário nada animador e com a falta de colaboração dos cachorros que no interior da viatura gozavam o panorama, lá conseguiu o proprietário, depois de um esforço calculado, baixar ligeiramente o vidro da viatura, o que deu um sinal de esperança para a solução do problema.
O cabo Gonçalves lá foi dizendo que o cordel com o nó na ponta, se colocado sobre o manipulo que se tinha trancado e com um esticão, podia resultar na subida do manípulo e consequente destrancagem das portas.
A autoridade dava a solução e o proprietário da viatura não se cansava de ensaiar múltiplas tentativas de conseguir o tal engate milagroso mas, tentativa atrás de tentativa, e o resultado era nulo.
O tempo passava, a noite aproximava-se e não havia solução.
As chaves continuavam na ignição e a operação de destrancagem continuava pelas soluções teóricas, mas de nenhum resultado prático.
Como não se vislumbrava solução, tinha já seguido um mensageiro a pedir o reboque da viatura que nos barrava o caminho.
O tractor do Francisco Gil já se aproximava do local quando e, num ápice, se resolveu o problema; o proprietário do veículo, na tentativa de chegar às chaves, introduziu uma vara que, não sendo flexível, pressionou de tal modo o vidro da porta que se fez em milhares de estilhaços deixando o caminho livre para o acesso às chaves da viatura.
É caso para dizer que em determinadas circunstâncias mais vale ser prático do que andar com rodriguinhos e nada resolver.
Não teria sido mais prático ter dado logo um murro no vidro do que se terem perdido largas dezenas de minutos a seguir instruções do cabo Gonçalves, mais conhecedor da arte de bem cavalgar do que de técnicas de furto de veículo?
Claro que o Mendo terá registado a lição; cães dentro do veículo chave no bolso, não volte a ter que partir mais uns vidros no futuro.
Aqui fica também o conselho ao leitor; não confie no seu cãozinho, sempre este lhe pode pregar uma partida. Este trancou as portas, imagine que resolvia destravar o veículo...
Pois! É um absurdo, o Mendo pensava da mesma forma.

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