domingo, 18 de outubro de 2009

A última malha

A mêda
Um destes malhadores não parece muito confiante na sua arte. Qual será?
No início do próximo ano é minha intenção iniciar , no cimo deste lajedo, a construção de uma casa para poder passar mais tempo na aldeia. Quero, do alto da eira, olhar para o povoado, para os altos de Valverde, fixar o horizonte fazendo a ponte entre o passado e o futuro.
Sei que esta eira faz parte da memória colectiva da aldeia onde durante muitos anos se malhou o centeio da forma mais artesanal. As searas foram desaparecendo, os mangualdes deram lugar às malhadeiras que tiveram a sua época áurea durante a minha infância e juventude.
Esta eira terá tido o seu auge de utilização na época em que a debulha do centeio se fazia com os mangualdes e alguns dos actores fotografados, hoje já com alguma idade, eram meninos de escola quando os seus pais e avós, sob o calor intenso "zurravam" nas espigas que iriam deixar as sementes depositadas sobre a laje.
Estas fotos são a homenagem possível a todos os carvalhenses já falecidos que pisaram o chão desta eira e outras do género e, que com mestrícia, empunharam os mangualdes de forma rítmica fazendo crescer o celeiro das suas famílias.


Há sempre mais para ver do que para trabalhar. Ainda dizem que trabalhar dá saúde

Chega a côdea. De cesto à cabeça elas não podiam ser mais desejadas.

Vamos lá dar ao canelo! O vergueiro já está à espera.

Aí vai ele rumo ao palheiro.

Chegou a hora das mulheres mostrarem que também são úteis. Já que não tinham geito e arcaboiço para o mangualde, agarravam-se à vassoura e ao ancinho.


Reparem bem o espectáculo!. Tantas costas ao alto e só algumas vergadas.

Limpam-se os restos. A uma malha seguia-se outra.


É altura de beijar o barrico.


Há sempre uns bons malandros que sabem disfarçar. Atam um lenço ao pescosso para dar aparência de grande trabalhador e, de seguida, toca de virar a botelha.


E lá estavam as sopas de cavalo cansado. O barril, o bom presunto, o belo chouriço!!!
Era dia de festa e com alegria recriou-se uma actividade muito querida aos nossos antepassados.











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