Numa deslocação que este fez ao Carvalhal, para recolher um cão de caça que o amigo Francisco Domingos lhe tinha oferecido, fez-se acompanhar da sua velha espingarda de um só cano, carregamento pela boca e de cão saliente. Não querendo levar a arma para o Carvalhal, escondeu-a num silvado junto ao caminho, no lameiro que pertencia a António Pedro (moleiro). Inadvertidamente colocou-a de forma que o cano ficou virado para o exterior do silvado.
Após dois dedos de conversa e uns copos bem bebidos em casa do amigo Francisco Domingos, regressou já noite dentro, levando pela corda o referido cão de caça.
Chegado ao local onde tinha deixado a espingarda, e sem pensar no perigo, puxou pelo cano, sendo o tiro disparado. Teve morte quase imediata.
Só no dia seguinte, quando a jovem Maria Pedra foi levar as mulas ao lameiro, e estas recuaram por instinto para não pisarem o cadáver, deu conta do sucedido, regressando a dar a noticia à povoação.
Após se dar conhecimento aos familiares, o corpo teve que se manter no local até ser observado pelas entidades oficiais, o que só aconteceu no dia seguinte, dado que todo o percurso de Pinhel ao local tinha que ser feito a pé. Assim, apesar de ser em Fevereiro, numa noite fria e muito chuvosa, foi necessário que o regedor do Carvalhal, na altura: José Sebastião Gaspar, coordenasse todo o trabalho de guarda, feito por dois homens que se rendiam de duas em duas horas, dado que o sucedido, foi dentro da jurisdição do Carvalhal, embora a escassos metros do ribeiro Chão da Velha, onde esta terminava. Foi necessário construir choças improvisadas para resguardar aqueles que tiveram de passar junto ao cadáver, um dia e uma noite.
Fonte: Notícias do Carvalhal
Autor: Vasco Pereira Gaspar
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