A maioria dos pais não tinha dinheiro para dar aos filhos para as suas estroinices e por isso só havia uma solução, encontrar trabalho remunerado a fazer fora de horas, já que durante o dia tinham que trabalhar no âmbito da economia familiar, obviamente sem remuneração.
Nesse contexto muitos jovens disputavam uma tarefa agrícola que muitos agricultores resolviam entregar-lhes no regime de empreitada, a escava das videiras.
Essas empreitadas eram executadas, normalmente durante a noite ao luar, juntando-se, no mínimo dois jovens, para a levarem a bom termo, sendo muito desse trabalho feito entre as 9.00h da noite e as 2.00h da madrugada aproveitando o luar típico de Janeiro.
Recordo que muitas noites o meus irmãos Manuel e António, o Carlos da Arminda Josefa, o Horácio da ti Fidélia, O Manuel do ti Zé Samuel, o Joaquim Amadeu, O Paulo do ti Manel Amaral e tantos outros, depois da ceia juntavam-se e de enxada às costas lá iam até até às vinhas da Senhora da Piedade, do Cabeço ou outros lugares e, em ritmo acelerado, arreto a arreto, um de cada lado, retiravam a terra junto das cepas, arrancando as ervas daninhas.
Trabalho duro, feito muitas vezes com temperaturas negativas, mas a possibilidade de poder ter uns trocos no bolso para beber umas cervejolas ou poder ir aos bailaricos das redondezas de bolso recheado, fazia esquecer o lado mau dessas empreitadas feitas ao ritmo de umas cantarolas e de troca de confidências próprias da idade.
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